Constelação Sistêmica e as Heranças Invisíveis

Constelação Sistêmica e as Heranças Invisíveis

Todos nós fazemos parte de uma teia de relações interpessoais cujo princípio perde-se na trilha da História. Nossa família tem origens remotas e nem sempre sabemos de onde viemos, o que é aquisição nossa ou um traço familiar herdado que atravessa gerações e nos alcança hoje. Folheando o velho álbum de retratos familiar notamos bastante semelhanças físicas, fisiológicas, profissionais, dentre outras em relação aos nossos ancestrais.

Vivemos numa inconsciência, às vezes nociva, a respeito de quem realmente somos, de onde viemos e para onde caminhamos. Somos parte de um sistema em processo evolutivo contínuo que vem de longe no tempo e que segue tecendo uma rede invisível de relações em que passado, presente e futuro não existem como os concebemos, mas estão em permanente interação, carreando informações, transmitindo para as gerações posteriores, não apenas a bagagem genética, mas também os débitos, os créditos e as lealdades das gerações anteriores, em busca de equilíbrio, de ordem e da manutenção de sua existência. Nesta rede familiar nosso destino está firmemente entrelaçado com o destino dos nossos ancestrais, pois os elos consanguíneos são perpétuos e não se desfazem com a morte. Minha mãe será sempre minha mãe, esteja viva ou morta. Meu bisavô sempre será meu bisavô, a morte não muda o vínculo e a influência dos antepassados permanece. Os mortos estão invisíveis, mas não ausentes. Os fatos do passado repercutem no presente. Os esquecidos, os injustiçados, os que foram substituídos, os que tiveram destino trágico manifestam-se ocultamente de alguma maneira. O sistema, frequentemente, carece de reparação e reorganização.

O Efeito Transgeracioanal

A família começou a ser alvo de investigação clínica em meados de 1930, quando se sugeria a terapia familiar como uma maneira de restaurar o equilíbrio do grupo. Por volta de 1950, Gregory Bateson, antropólogo americano, fez pesquisas na Califórnia sobre a relação entre comunicação familiar disfuncional. Este e outros estudiosos das dinâmicas familiares concentraram seus esforços e suas pesquisas em questões como estruturação familiar como fator preponderante na eclosão dos desequilíbrios psicodinâmicos nas famílias.

Hellinger, na década de 1970 já falava sobre o peso da exclusão e suas consequências e já utilizava a técnica da Constelação Sistêmica Familiar para restabelecer a harmonia nos sistemas familiares desorganizados. Técnica emergente e estudada com constância até hoje, inserindo os antepassados no processo e reabilitando conceitos como humildade, misericórdia, bênção dos pais, compaixão, compensação e reconciliação para obter os resultados desejados. Também recorre aos conceitos de fractal, sistema de rede, campos morfogenéticos e transmissão de energia quântica à distância para dar sustentação científica no que acontece nos sistemas familiares e outros.

A partir de 1991, Ivan Nagy, foi o grande introdutor do conceito de lealdade no trabalho psicoterapêutico com famílias. Ele enfatizou a importância das lealdades invisíveis, da repetição transgeracional de segredos, profissões e até mesmo de emoções fortes nas famílias, enquanto Hellinger nesta mesma época postulava que os antepassados transmitem não apenas sua bagagem genética, mas suas próprias vidas e destinos, e nós fazemos o mesmo com nossos descendentes.

Estudiosos e pesquisadores das questões psicogenealógicas escrevem há mais de quarenta anos sobre fatos que se repetem nas famílias ao longo de séculos e vínculos que atravessam gerações. Atualmente, podemos concluir que a sombra dos nossos ancestrais é bem maior do que imaginávamos. 

O Co-Inconsciente e o Estudo Científico dos Campos Mórficos 

Em 1981, Rupert Sheldrake, fisiologista inglês, publicou seu primeiro livro A New Science of Life revisando o conceito de campos morfogenéticos, vem sendo pesquisada e observada com mais respeito pela comunidade científica. Ele descreve os campos como a Nova Ciência da Vida. Ele descreve os campos morfogenéticos ou campos não-locais como estruturas espaciais invisíveis, não detectáveis por nossos sentidos e que se assemelham aos campos eletromagnéticos e gravitacionais da física. Embora atuem fora do tempo/espaço, conectam coisas similares entre si através do que Sheldrake chama de ressonância mórfica, que é a transmissão da informação nos campos morfogenéticos, comparada ao rádio e à televisão. Os sistemas são organizados pelos campos morfogenéticos que funcionam como uma espécie de depósito, uma memória que guarda todo tipo de informações e que podem ser acessadas e transmitidas de um campo para outro. Desta maneira um grupo transmite e outro grupo capta informações que são patrimônio daquela mesma espécie. Grupos da mesma espécie criam campos de energia que moldam os caminhos por onde correm as informações, à semelhança dos impulsos eletroquímicos que percorrem as células nervosas levando informações para todo o organismo através dos neurotransmissores.

A teoria do inconsciente coletivo propõe que todas as pessoas já nascem com uma bagagem de conhecimento resultante de todas as experiências vivenciadas pela espécie humana ao longo de sua história. As pessoas teriam acesso a este acervo da Humanidade – o próprio inconsciente coletivo. Para Sheldrake a memória humana não estaria localizada no cérebro, mas nos campos mórficos do gênero humano que também seriam hereditários. Assim a influência do passado sobre o presente se daria por ressonância mórfica e não seria reduzida pelo tempo ou pela distância física. O cérebro sintonizaria com os Campos Morfogenéticos da espécie – onde tudo está registrado, onde “tudo está escrito” e teria acesso à memória coletiva desta espécie da qual poderia colher informações. Ele explica ainda que enquanto os genes são repassados pelos ancestrais de forma material, os campos mórficos são herdados não-materialmente, mas por ressonância mórfica e não apenas dos antepassados, mas também de outros membros da raça humana. Estas considerações têm novamente como objetivo de olharmos as coisas não materiais, como sentimentos, pensamentos e outras sendo transmitidas de uma pessoa para outra ou de uma geração para outra através do tempo/espaço.

O Conceito Sistêmico da Rede

Uma teia de aranha: os fios se entrelaçam, interligam diversas áreas e formam uma rede simples. Observemos o funcionamento da Internet: as milhões de pessoas em todo o mundo que se comunicam pela Internet, cruzam incontáveis informações entre si continuamente sem que se vejam ou se falem, formam um sistema de rede complexo (network). São as redes psicossociais: correntes psicológicas geradas pelos seres humanos, que delas participam. Segundo cientistas da atualidade este é o padrão de organização que pode ser identificado em todos os sistemas vivos: o padrão de rede. As redes determinam suas próprias fronteiras, retroalimentam-se continuamente, produzem seus componentes a se “auto-organizam”. São sistemas fechados e abertos: fechados em relação a si mesmos e abertos em relação às trocas de energia e matéria com o meio, mas não organizados por ele. A ordem e o comportamento do sistema não são determinados pelo meio, mas pelo próprio sistema. Pode-se considerar que o grupo familiar está submetido às mesmas leis que regem os sistemas de rede. Do ponto de vista da estrutura, na Física, a família seria como uma estrutura dissipativa, isto é, um sistema aberto que está sempre distante do verdadeiro equilíbrio, mas que também é um sistema fechado quando o observamos sob a ótica do padrão de organização. Vejamos um exemplo simples. Quando um membro da família contrai matrimônio, a outra pessoa passa a fazer parte do grupo familiar (sistema aberto) e sua entrada modifica a estrutura da família. Contudo, o novo membro não poderá determinar quais serão as obrigações dos outros membros da família. Dificilmente alguém de fora do grupo pode determinar a organização dos papéis dentro da família (sistema fechado). Do ponto de vista do processo, o sistema familiar é um sistema cognitivo. Por sistema cognitivo compreende-se um padrão específico de relações que resulta na autoconsciência, que na família podemos chamar consciência de clã ou ainda co-inconsciente familiar. A palavra “inconsciente”, do alemão, significa “não expressado” ou não-dito, ou ainda, o indizível. São os segredos mais profundos de cada um e dos grupos.

A Constelação Sistêmica Fenomenológica

Bert Hellinger, desenvolveu e pesquisou a Terapia Sistêmica Fenomenológica em que o trabalho a ser realizado requer por parte do Constelador a exposição aos fenômenos como se apresentam, sem escolhas, sem julgamentos e sem hipóteses diagnosticas ou psicodinâmicas. Para ele os sistemas familiares estão submetidos às leis sistêmicas ou Ordens do Amor (Pertencimento – Hierarquia – Equilíbrio), poderosas forças dinâmicas que regem a distribuição de justiça e equidade na família.

O respeito à Ordem está na base do equilíbrio, do bem estar e do progresso da família e permite que o amor possa estar presente nas relações de forma benéfica. O método da Constelação Sistêmica vem sendo utilizado há dezenas de anos por terapeutas das mais diversas escolas para restabelecer o equilíbrio nos sistemas familiares. Hellinger o tornou mundialmente conhecido, trabalhando com famílias, casais, doentes graves e pessoas com os mais diferentes problemas, em vários países, principalmente na Alemanha, Áustria, Suíça e Estados Unidos. Esteve algumas vezes no Brasil, onde realizou oficinas de Constelação Familiar promovendo a divulgação desta poderosa ferramenta a serviço do bem estar dos que sofrem com problemas que envolvem questões inter e transgeracionais.

Seus principais objetivos são: Identificar e desfazer emaranhamentos de pessoas da família com repetição de destinos trágicos de antepassados. Incluir no sistema familiar os que foram excluídos, por qualquer que tenha sido o motivo. Reorganizar a estrutura da família conduzindo cada membro ao seu devido lugar, de acordo com a hierarquia prescrita pela Ordem. Honrar os pais e antepassados, homenagear os injustiçados e os que se sacrificaram pela família. Transformar a cega lealdade infantil que leva à morte precoce, em força benéfica para o Sistema. Utilizar a culpa de maneira positiva para regular a balança de débitos e créditos da família. Redistribuir a justiça igualmente para vivos e mortos e restabelecer a Ordem do Amor no Sistema Familiar.

Para concluir, estamos submetidos a forças que às vezes nos aprisionam a destinos que não são os nossos e às repetições fatídicas. Ao elaborar a Vivência da Constelação muitas coisas que, até então ignorávamos a respeito de nossa família, emergem na nossa frente e ficam latentes.

A Constelação Sistêmica vem cada vez mais se firmando como uma resposta consistente a antigas questões, permitindo que lealdades antigas e geradoras de sofrimento possam ser transformadas, ciclos abertos sejam fechados para que cesse o movimento de repetição, promovendo a libertação e bênçãos de várias gerações.

A Vivência: Criando Músculos Neurais com a Constelação

O trabalho atualizado nos conhecimentos da Constelação Sistêmica Familiar e Organizacional consiste numa forma de atendimento capaz de verificar a origem de uma limitação ou problema que assola um elemento de um sistema (pessoa).  Ao olhar para o que foi difícil no sistema, é possível perceber uma solução.

Ao conhecer o que nos faz agir e atuar na vida de forma às vezes incompreensível até para nós mesmos, podemos começar um movimento de mudança e de busca por nossa própria identidade. E este é um dos movimentos mais importantes trazidos pela Constelação Sistêmica: nos permitir perceber o que atua para além do aparente, ver o pano de fundo de nossas dificuldades e emaranhamentos que nos bloqueiam, habituo treinar com meu Grupo: Ver o Invisível e Ouvir o Inaudível. Estas ações estão atreladas ao que denomino de Percepção Inteligente, a característica mais relevante e o grande diferencial do ser humano do presente-futuro.

Resultados Evidenciados no Campo da Expansão da Consciência, baseado em pesquisas que realizo semanalmente com pessoas que frequentam assiduamente em nossos Grupos, apresentam: Decisões mais rápidas e com menos riscos, Qualidade de Vida e Saúde, Harmonia Dinâmica nos Relacionamentos, Diálogos Internos menos desconfortáveis, Percepções mais precisas, Equilíbrio e Competência Emocional, dentre outros.

Realizamos frequentemente Workshop ou Grupos Teóricos e Vivenciais de Constelação Sistêmica Familiar e Organizacional, uma ou duas vezes mensalmente. É uma experiência que contribui fortemente para todos aqueles que participam do grupo. É um trabalho breve, mas capaz de trazer informações essenciais para um novo movimento em relação às dificuldades pessoais.

Em uma vivência ou Workshop, pessoas olham para sua questão através da dinâmica observada. Com auxílio de representantes (podendo estes ser pessoas ou mesmo materiais como bonecos e âncoras), a dinâmica oculta na dificuldade se mostra de maneira clara. Esse movimento de trazer para o consciente o que se desenvolve no inconsciente permite que se caminhe para uma solução possível, além da desvinculação do processo de repetição.

Hoje, a vivência da Constelação Sistêmica tem encontrado diversas aplicações. Tanto terapêutica quanto em áreas distintas como Direito, Pedagogia e Saúde. O conhecimento tem se mostrado valioso e capaz de auxiliar na resolução de bloqueios profundos que tem sua origem no sistema familiar ou de relacionamentos humanos.

Venha presenciar este trabalho que pode ser um divisor de águas em nossa Vida Pessoal e Profissional.

Instituto INNSAEI – Rua Pascoal Celestino Soares, 415 – Vila Industrial – Campinas-SP – 19 98377-0851 / 98711-0022

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