Liderança Sistêmica

Liderança Sistêmica

Liderança Sistêmica & Equipes Sustentáveis é uma variável crítica para definir o sucesso ou o fracasso das organizações. O tema é complexo e instigante, por isso, alvo de inúmeros estudos, pesquisas e “receitas” por parte daqueles que buscam compreendê-lo e traduzi-lo por meio de comportamentos e atitudes. Embora os líderes superem os não líderes em diversas habilidades e competências consideradas universais, tais como – a capacidade de planejamento para criar visões de futuro e definir os caminhos para atingi-las; aceitar e assumir responsabilidades e torná-las desafios; enfrentar problemas e tomar decisões; estabelecer processos eficazes de comunicação; tratar de questões técnicas e comportamentais de forma equilibrada e ter vontade de participar e não apenas observar – a concepção de que líderes são pessoas que possuem traços característicos é insuficiente e, portanto, não satisfatória.

Para uma visão mais apropriada do tema há que se levar em consideração as oportunidades efetivas de exercitar liderança; o interesse pessoal, o contexto, o grupo e suas necessidades subjacentes e emergentes, quer sejam situacionais ou mais perenes, bem como, o objetivo envolvido. Não é possível pensar em liderança de forma desvinculada de situações específicas. A partir dessas premissas, o tema liderança será aqui tratado do ponto de vista sistêmico, levando-se em conta suas conexões com outros pilares fundamentais da gestão dos negócios, sobretudo, a gestão das pessoas. A abordagem sistêmica se configura com um paradigma que se contrapõe ao modo mecanicista, reducionista e atomista de conceber e de observar a realidade. É uma estrutura de referência conceitual alternativa à estrutura conceitual clássica ou pensamento analítico e se traduz, portanto, como um novo modo de pensar, necessário ao mundo atual que se apresenta extremamente complexo, mutável, interdependente, diverso e virtualmente conectado. O mecanicismo com ênfase exclusivamente tecnológico é responsável por fracassos em iniciativas de mudança empresarial. Já o raciocínio ou pensamento sistêmico enfatiza o entendimento do todo e não apenas das partes e considera mais as redes de relacionamentos em constante interação do que os objetos enquanto padrões abstratos. Dessa forma é possível ampliar o entendimento de contexto e melhorar a tomada de decisão. Por isso, a abordagem sistêmica permite aos líderes serem melhores líderes e conduzirem suas empresas, negócios e equipes com maior abrangência, visto que terão oportunidade de considerarem inúmeras variáveis, seus impactos e os vários aspectos envolvidos nos processos de escolhas. Do conceito de hierarquia que permeia todo o pensamento analítico, a abordagem sistêmica avança para o conceito de interdependência e coordenação de coletividade de seres vivos que formam um grande organismo. Vai da causalidade linear para a circularidade. Ou seja, o pensamento sistêmico tende a buscar um entendimento integral da realidade por meio de fluxos circulares, em vez de apenas por meio de relações lineares de causa e efeito.

Alguns princípios caracterizam o pensamento sistêmico e tomam o lugar da metáfora mecanicista na concepção das organizações. Destaco estes abaixo:

1. O organismo vivo, a biologia, a ecologia e as ciências sociais oferecem a base para a compreensão da realidade organizacional e formam parceria com o raciocínio da engenharia e da física.

2. Interesses, crenças e aspectos subjetivos estão presentes em qualquer processo investigativo, ou seja, a observação e o conhecimento são contextuais, ao contrário do que se acreditava que o conhecimento podia ser obtido de forma neutra e isenta de subjetividade.

3. O todo é difícil de ser compreendido em sua complexidade, conexão e abrangência. Por isso, é aceitável o conhecimento aproximado e não exato de algo que possa ser útil dentro de um contexto.

4. O pensamento sistêmico propõe uma mudança na ênfase da mensuração quantitativa dos objetos para uma postura de mapeamento e visualização, dado o pressuposto de que propriedades são dependentes de contextos, relações, formas e padrões, que são difíceis de serem mensurados. É necessária, então, uma postura mais flexível e isso implica numa mudança de quantidade para qualidade.

5. O reconhecimento dos padrões de comportamentos da vida leva ao entendimento de que a evolução depende de um equilíbrio dinâmico entre competição e cooperação. A hipótese dos estudiosos ligados à ecologia é que os sistemas humanos hierárquicos que trabalham sob controle unilateral são insustentáveis, e que a imitação da natureza, na complementaridade de tendências auto-afirmativas e integrativas, torna-se necessária à permanência da condição humana sobre a Terra.

Desta forma, tratar de liderança sem levar em conta os aspectos sistêmicos, significa liderar de forma precária e obsoleta. É imprescindível considerar a conexão entre os planos do futuro e a estratégia organizacional com os processos, a estrutura, a tecnologia e as tarefas necessárias para os suportarem. Os planos de futuro, por sua vez, frequentemente estão conectados a uma visão ou a um sonho de uma pessoa ou de um grupo de pessoas e, por isso, conta também com os aspectos emocionais e pessoais envolvidos. Além disso, ainda há a cultura organizacional que não pode ser deixada de lado e que funciona como amalgama para as outras esferas. Os interesses, crenças individuais, o comprometimento das pessoas com a sobrevivência das equipes e a dinâmica do relacionamento entre elas é outro tópico de suma importância.

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